terça-feira, 22 de novembro de 2011

Um raciocínio lógico falso


De fato, quando estudo em lógica jurídica que a linguagem (a palavra) é que cria e destrói as coisas, pensava que era um certo exagero. Todavia, lendo o texto abaixo, que não sei quem me enviou, observei que como é fácil se manipular as coisas para, por meio de palavras. E o pior é que, sob o ponto de vista da lógica da linguagem, o discurso abaixo é tido como um raciocínio verdadeiro, ou seja, se observado hermeticamente fechado, é verdadeiro, apesar de quando olhamos com outros elementos – história, saúde pública, etc – ele se torna falso.

Veja como é interessante o mecanismo usado no texto. Aplicando o silogismo, a forma mais simples de análise lógico, temos o seguinte: se A é B, e B é C, logo A é C.

Agora com elementos do texto: Se ter um corpo saudável é eugenia, e eugenia é uma prática nazista, logo ter um corpo saudável é uma prática nazista. Sob o ponto de vista de argumento lógico é verdadeira a afirmação, mas quando analisamos em conjunto com outros elementos, a afirmação se torna falsa.

Essa prática também é utilizada pelo governo do PT. Bem, mas isso deixemos pra depois.

Eis o texto a que me referi:



 
Repassando...

Gazeta do Povo, Curitiba, 17-11-2011

Carlos Ramalhete     carlosgazeta@hsjonline.com

Visão reducionista de vida

Os paulistas costumam dizer que São Paulo perdeu a batalha e ganhou a guerra quando, apesar da derrota da Revolução Constitucionalista de 1932, uma Constituição foi promulgada em 1934.
Infelizmente, seria possível dizer que, em muitos aspectos, os nazistas perderam a batalha e ganharam a guerra.
O aspecto mais chocante do nazismo é, sem dúvida, o racismo genocida. Este, graças a Deus, continua sendo visto como um crime contra a humanidade. Outros aspectos, contudo, continuaram presentes, por vezes sob outro nome, por vezes abertamente.
O primeiro deles é a eugenia. “Eugenia”, ou “boa geração”, em grego, é a prática pela qual se procuraria “melhorar” uma população, livrando-se dos indesejáveis pela castração ou pela morte. Hoje ela está presente por toda parte; ter filhos passou a ser, como queriam os nazistas, coisa que só gente de bem pode fazer, e em condições muito planejadas. Um ou dois, e olhe lá. Pobre tem mais é que ligar as trompas.
Do mesmo modo, o aborto dos “indesejáveis” (principalmente os deficientes), mesmo ilegal no Brasil, continua não só sendo feito, como é objeto de campanhas repetidas pela sua legalização, muitas delas encabeçadas por organizações ligadas à IPPF americana, uma organização fundada com o objetivo específico de diminuir o número de negros no EUA. Na Holanda, o Protocolo de Groningen permite que crianças doentes sejam legalmente assassinadas até os 12 anos de idade.
Do mesmo modo, a eutanásia – a morte de pessoas idosas ou doentes – está sendo objeto de campanhas multimilionárias pela sua legalização e é praticada frequentemente em muitos países.
A ideia por trás de todos estes horrores é uma visão extremamente reducionista de vida, em que se considera que só vale a pena ser vivida uma vida prazerosa e produtiva. O sofrimento – que, afinal, é parte da existência – é tido como razão suficiente para que a própria vida perca seu valor. Como sofrimento é uma coisa muito subjetiva, não são poucos os que consideram que o sofrimento de não poder estudar em escola particular é razão suficiente para a morte. É o caso de quem prega que é aceitável abortar uma criança porque os pais só teriam condições de bancar um padrão de vida de classe média para um número menor de filhos.
Outros “valores” nazistas, como o culto ao corpo expresso no antitabagismo, na obrigatoriedade de “educação física” e em cuidados dietéticos (Hitler era vegetariano), também continuam de vento em popa.
Perderam a batalha, mas estão ganhando a guerra.