Os recentes fatos ocorridos na Comissão de Direitos Humanos, da Câmara dos Deputados, sem adentrar no mérito de questões religiosas ou mesmo dar azo a esse tipo de discussão, têm muito a ensinar à incipiente democracia brasileira.
O que está em jogo na disputa pelo poder dentro da comissão não é uma questão de cunho teológico, mas sim, uma queda de braço entre grupos da sociedade civil organizada.
Os manifestante que protestam contra ao atual presidente, o deputado Marco Feliciano, mostram a todos nós como é interessante se organizar em grupos de pressão, e que tais grupos são raros, com exceção dos de cunho econômico - como esquecer da FIESP e seu símbolo em plena Avenida Paulista?
No geral, observa-se que a sociedade brasileira é desorganizada, no quesito defesa dos interesses no âmbito do Poder Legislativo. Talvez, isso seja uma herança da ditadura militar, que não apoiava a formação de associações de cidadão comuns, relegando esse papel uma elite, preferencialmente a econômica.
Seria bastante interessante se houvesse um rearranjo da organização da sociedade para que surgissem novos grupos de pressão política e assim diminuir um poder dado (ou pelo menos exercido) por sindicatos, associações de classe ou de grupos econômicos que, na maioria das vezes, não defendem o interesse do cidadão comum, mas de algumas cabeças coroadas.
Enquanto isso não ocorre, teremos que assistir aos atos teatrais que se passam na Comissão de Direito Humanos, encarando-a como uma verdadeira comédia da vida pública, porque o resultado final, lá no terceiro ato, será a saída do deputado Marco Feliciano, após muito fritura de seus próprios colegas.
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